on an island in the sun

quinta passada, véspera de feriado, meia noite, eu tava na agência ainda. até o último fio de cabelo com trabalho, com uma fila de jobs pra essa semana. os trabalhos já foram e vieram num intervalo de tempo recorde, praticamente layouts em tempo real. acho que minha mãe tem razão quando diz que talvez eu deva repensar minha profissão. uma única coisa me anima nesses dias de trabalho, que é olhar a cara fofa do meu vizinho. tenho três vezes mais responsabilidades do que deveria no meu cargo, e sempre chego aqui sem saber que horas vou voltar pra casa. minha acrobacia tá capenga em vez de ninja, minhas olheiras tão aumentando e eu penso se eu não deveria ser professora, csi ou motorista de guindaste. como forma de adaptação, meu poder de abstração está aumentando potencialmente e quando eu saio daqui desligo o botãozinho que diz designer.

mas nem tudo fica ruim de uma vez só. no fim de semana eu viajei com o vizinho. era pra ser uma viagem da galera toda, mas o povo foi desanimando, desistindo, furando... e no último minuto as únicas confirmadas éramos eu e ele. fui cheia de frio na barriga. 3 dias? 3 dias olhando pra cara de uma criatura que você beijou só tem uma semana e vai ter que ver todo santo dia? isso é no mínimo uma provação. ou eu voltava a nado, fugida, ou aproveitava tudo. e foi espetacular =) o vizinho, além de bonito e gente boa toda vida, é praticamente um gentleman. daqueles que te carregam no colo pra fora do barco pra você não molhar o pé, fazem misto quente de madrugada quando você diz que tem fome, lava a louça porque você fez o jantar, coloca a última florzinha de manjericão pro prato de macarrão ficar bonito, leva cobertores pro deck pra vocês poderem ver as estrelas sem sentir frio e te beija de madrugada no meio do sono. sim, isso tudo foi meu feriado, e foi bom pra cacete.

logo, por agora, caguei se minha chefe é meio maluca, se o cliente não gosta do layout, se vou jantar pizza na agência, se tenho sono. só preciso da minha paz um pouquinho, seja pra ler as 387 coisas da pós, pra ir na acrobacia ou pra tomar um choppinho. isso tudo faz parte de um longo processo e eu sei que não vou chegar onde eu quero semana que vem. então deixa, vou curtir o vizinho, curtir a praia do fim de semana, achar graça nas pessoas esquisitas da minha turma, colocar meu ipod pra dançar ouvindo "make your own kind of music" e dar gargalhada, porque rir faz bem e previne as rugas.